quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

domingo, 9 de novembro de 2008

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Entrevista no Semanário Sol - 20/09/2008



Um violino na discoteca

A noite corria ao som da house music, num bar debruçado sobre a praia da vieirinha, entre Porto Côvo e São Torpes, no litoral alentejano. Anunciava-se em cartaz os Archybak, grupo ainda pouco conhecido entre os presentes. O cd parou de tocar e subiu ao palco, semi improvisado, um trio trajado de preto, eles de chapéu à cabeça, ela de lenço envolto na melena, num cenário de veraneio que não fazia adivinhar tais figurantes. Um violino, um violoncelo e um instrumento de percussão pressupunham acordes de uma qualquer composição clássica. Pouco a propósito, achava-se então, para uma noite que prometia ser de festa, com contornos de música de dança. Mas a surpresa veio logo a seguir. Um baile de cordas, coreografado pelos batuques da percussão, entusiasmou os ouvintes e o cliché "primeiro estranha-se, depois entranha-se" começou a fazer ali todo o sentido. "É engraçado, a reacção é quase sempre a mesma para quem não nos conhece. Primeiro olham para nós de forma estranha, mas quando nos ouvem acabam por gostar...", diz o percussionista Cláudio Trindade.
A seguir a uns tantos covers dos Nirvana, dos Metallica e dos The Doors, e de outros tantos originais da banda, a música fez-se ouvir pela platéia, numa sintonia perfeita entre os três instrumentos. Ricardo, no violino, Cláudio, na percussão e Susana, no violoncelo, "abraçaram" o público com uma energia e empatia contagiantes. A melodia fez o resto.

Com alma para a música

Ricardo Alberto e Cláudio Trindade, a alma dos Archybak - nome que junta o "archy" do violino ao "bak" da percussão - juntaram-se em 2003 para fazer música. Conheceram-se em Évora, onde ricardo nasceu e onde Cláudio vivia desde que veio do Brasil. "Sou um alentejano brasileiro", diz. Ambos se iniciaram na guitarra, ambos tiveram bandas de covers e já tocavam no circuito dos bares antes de se conhecerem. Passaram também os dois pela Escola Profissional de Música de Évora e Ricardo ainda esteve dois anos na Academia Nacional Superior de Orquestra em Lisboa e no curso de HIstória da Música na Universidade de Évora.
Há cinco anos estrearam-se como dupla pelos Almaplana, projecto formado ainda por Bruno Rodrigues. A idéia foi a de levar ao público música portuguesa, de outros artistas, num formato mais intimista através do violino, do contrabaixo, da guitarra e da voz. Convidados a tocar em pousadas, hotéis, restaurantes e bares, acabavam, não raras vezes, "por subir para cima dos balcões na brincadeira", como diz Ricardo Alberto. A brincadeira correu bem e fez com que surgisse ao fim de um ano outro projecto paralelo, os Archybak. Este, com mais ritmo e energia, vocacionado para bares e discotecas, mas com a vertente de palco a explorar: "Cada vez mais as discotecas procuram estes live acts. É uma forma de brindar o público com outras propostas", Afirma Ricardo. Já não é novidade casar instrumentos ao vivo com o cd que toca na discoteca, género que chegou mesmo a ser baptizado como "mellow house".

À Procura do Norte

Cláudio e Ricardo reclamam a diferênça na "atitude" e dizem que em muitas das suas performances, ao contrário do habitual, o DJ pára mesmo a sua música para que se oiçam apenas os instrumentos. "Outras vezes improvisamos por cima da música do DJ", responde Cláudio.
Sempre próximos do público, passeiam os instrumentos com um sorriso enquanto tocam qualquer música que por norma não se ouve assim. Um Lenny Kravitz, uns White Stripes ou uns The Doors "cantam-se" com o requinte do violino e festejam-se ao som da batucada, enquanto um "So Sexy" de Jamie Lewis deixa de ser apenas "house" para viver a experiência das cordas.
O efeito é surpreendente. O público pede por mais e os empresários da noite também. Com uma agenda sempre cheia, já se refere esta dupla como a que mais "live acts" toca em Portugal. Tocam muito no centro do país e também no Sul. "O Norte ainda está por explorar", dizem. Estrategicamente, deixaram o seu Alentejo e instalaram-se em Aveiro para cativar novos públicos, um mercado desconhecido. "Queremos fazer vida disto. E para já, não está a correr nada mal. Já tocamos mais até Julho deste ano que no ano passado todo", garante Ricardo. Espanha tambem já os acolheu, assim como algumas Queimas das Fitas e outros festivais, mas querem fazer mais concertos. "É outra vertente a explorar". Aí actuam com quatro músicos, um DJ, um VJ e uma bailarina.
Já numa discoteca próxima de si, se algum dia vir por perto um violino e um instrumento de percussão, com dois artistas trajados de negro, de chapéu na cabeça e com ar de "ciganos" cinematográficos, não estranhe. São os Archybak.

Texto: Filipa Moroso || Fotografia: Raquel Wise

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